terça-feira, 3 de março de 2009

A Destruição de uma Património Paisagistico



A Destruição de um Património Paisagístico.


Moro a cinco minutos do mar, mesmo assim, faz uma semana que não o vejo.

Faz já uma década desde do tempo em que se podia dar um passeio agradável pelos campos desde a cidade até à Praia Desde então esta cidade e os seus habitantes têm conhecido um desenvolvimento urbano desenfreado. Cada vez mais se vêem erguer prédios, complexos turísticos e empreendimentos. Nos últimos tempos até nos foi tirado o nosso amado trajecto até ao “Telef”. Numa cidade cada vez mais sufocada e enclausurada pelo betão armado, como é que se espera atrair um “turismo de qualidade”? Parece que há desconhecimento daquilo que leva um indivíduo, a visitar uma determinada localidade. É contudo um conceito bastante básico: se continuar a haver tanta destruição indiscriminada da nossa paisagem, do nosso meio envolvente, deste espaço, ninguém irá querer visita-la. Esta cidade irá se tornar numa cidade turística fantasma. Quem quer ir passar ferias numa cidade sobreconstruida? Decerto que estamos á beira mar mas de nada servirá essa imensidão azul e horizonte interminável se a trinta metros do quebrar das ondas ninguém o consegue ver, devido ás edificações que não param de surgir como se de uma luta vertical se tratasse para assegurar vista para o mar. Que turista de qualidade (se esta expressão designa turistas que “têm e gastam dinheiro”) irá optar por passar férias rodeadas por apartamentos, hotéis de luxo, cafés e restaurantes caros?
O descontentamento com o facto que o turismo proveitoso somente acontece no verão (e presentemente num período cada vez mais restrito) é bastante geral. Como poderia ser de outra maneira quando não se fomenta qualquer outro tipo de turismo se não aquele que usufrui de uma parte do nosso meio ambiente (e só aquela parte que não pode ser vedada ou destruída): sol e praia. Não existem suficientes propostas de investimento em unidades culturais: bibliotecas, centros culturais, cinemas ou um teatro por amor de deus! Esta cidade e arredores tem generosos recursos arqueológicos de várias épocas que poderiam ser maximizados.

Compreende-se que seja necessário poder fornecer alojamento para as multidões veraneantes, mas seria talvez mais benéfico para a continuação de um futuro “turismo de qualidade” (e a saúde social dos habitantes) se houvesse uma maior consciência de como é que o espaço é ocupado. O género de pessoa que se aloja em hotéis de cinco estrelas é igualmente o género de pessoa que, antes de tudo, irá preferir uma paisagem menos adulterada e atulhada de prédios. Lamento a visão curta, a falta de planeamento, não se aprendeu com os erros dos outros. Isto é estranho, uma vez que esses erros não ficam muito longe desta cidade. Inclusivamente, è bastante ilustrativo o facto de que na Costa Oeste há cada vez mais turismo. Talvez seja porque essa zona está, por agora, menos “desenvolvida”, menos “estragada”. Se o turismo é “a galinha de ovos de ouro do Algarve”, esta cidade está a mata-la para fazer uma cabidela apressada e insonsa. Eu nasci aqui e entristece-me, estas atitudes. Entristece-me ver a beleza da minha terrinha desaparecer. Se eu pensasse que resultaria, faria um apelo aos responsáveis mas algo lhes endureceu a consciência ficando estagnada na ganância. Portanto aqui registo, não um apelo mas a minha opinião da falta de consciência dessas pessoas.

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