


Vivendo nesta pequena cidade a beira mar há já quatro anos, aperçebo-me de um aspecto bastante infeliz. A insegurança individual é de tal maneira accentuada que as pessoas sentem necessidade de recorrer ao rebaixamento do outro, á desvalorização e ao não reconhecimento de algum valor intrinsico do outro.
Observo vezes sem conta o encerramento das pessoas dentro de grupos exclusivos.
Para mim o titulo de cidade é curioso e interessante. Primeiro porque este povoamento não tem tamanho nem físico nem psicologico para mercer tal título e a nível de infrastruturas socio-culturais a carência é ainda mais grave. Contudo neste aspecto "a cidade" reflecte o predicamento do povo, que julga-se mais do que é, que quer ser mais do que é , só pelo título so pelo apreço, pela admiração que anseiada de receber dos outros. As pessoas fecham-se, incapazes de dar porque só querem receber, fecham o coração, os olhos, a cabeça. Defendem-se de ataques imaginários. Comunicar é interpretado logo como um ataque e não uma tentativa de partilhar e compreender as differenças. Desta maneira é irónico que ultimamente a recriação histórica está muito na moda, realmente as mentalidades continuam a funcionar a um nível medieval para não dizer pre-histórico. Procura-se aumentar o próprio valor calcando e pisando nos outros numa tentativa futil de se elevar.
Na comunidade artistica isto é crónico e agudo ao mesmo tempo (se tal pode existir) Os tais artistas não só não são capazes de elogiar uns aos outros (só num grupo restrito, e só aos artistas consagrados numa tentativa visivelmente indignificante de engraxar e fixar a cunha, apesar de criticarem este sistema) como uma pessoa vira as costas e há logo o esquartejamento destructivo do trabalho que fizeram. Destructivo porque primeiro não foram capazes de criticar o trabalho na cara do artista e depois porque uma boa critica salienta as coisas que funcionam como as que não funcionam. Nenhuma obra de arte é completamente lixo, isso não é possivel tal com o conceito de perfeição.
Eu estou aqui para trabalhar se bem que mentalmente nunca consigo referir ao processo creativo como sendo "trabalho", eu amo o que faço e não sinto necessidade de chamar trabalho a algo que eu gosto fazer.
Trabalho à borla, não quero dinheiro, sou amadora, amo o que faço e porque amo, faço bem. Decerto que haverá sempre algumas pessoas que não irão gostar daquilo que faço mas fazer bem é eu gostar daquilo que faço, sentir me satisfeita, haverá sempre alguem que goste.
Uma vez no Brasil uma psicologa disse me que existe muita creatividade no Brasil porque as pessoas não estão tão preocupadas com aquilo que as pessoas pensam ou vão pensar do seu trabalho.
É sobre ser verdadeiro, deitar as coisas cá para fora da maneira que brotam e depois reorganiza-las, deita-las fora, reconstrui-las, duplica-las, não regras, não há pessoas so há arte como nós a vivemos.
Solução: Virar-me para as coisas verdadeiras, as coisas que interessam, as plantas, as paisagens, a natureza, música, poesia, comida, pintura, expressões verdadeiras, a minha filha, o riso, a areia, a nebulina.
Coisas verdadeiras
Coisas belas
Verdade
Beleza
Observo vezes sem conta o encerramento das pessoas dentro de grupos exclusivos.
Para mim o titulo de cidade é curioso e interessante. Primeiro porque este povoamento não tem tamanho nem físico nem psicologico para mercer tal título e a nível de infrastruturas socio-culturais a carência é ainda mais grave. Contudo neste aspecto "a cidade" reflecte o predicamento do povo, que julga-se mais do que é, que quer ser mais do que é , só pelo título so pelo apreço, pela admiração que anseiada de receber dos outros. As pessoas fecham-se, incapazes de dar porque só querem receber, fecham o coração, os olhos, a cabeça. Defendem-se de ataques imaginários. Comunicar é interpretado logo como um ataque e não uma tentativa de partilhar e compreender as differenças. Desta maneira é irónico que ultimamente a recriação histórica está muito na moda, realmente as mentalidades continuam a funcionar a um nível medieval para não dizer pre-histórico. Procura-se aumentar o próprio valor calcando e pisando nos outros numa tentativa futil de se elevar.
Na comunidade artistica isto é crónico e agudo ao mesmo tempo (se tal pode existir) Os tais artistas não só não são capazes de elogiar uns aos outros (só num grupo restrito, e só aos artistas consagrados numa tentativa visivelmente indignificante de engraxar e fixar a cunha, apesar de criticarem este sistema) como uma pessoa vira as costas e há logo o esquartejamento destructivo do trabalho que fizeram. Destructivo porque primeiro não foram capazes de criticar o trabalho na cara do artista e depois porque uma boa critica salienta as coisas que funcionam como as que não funcionam. Nenhuma obra de arte é completamente lixo, isso não é possivel tal com o conceito de perfeição.
Eu estou aqui para trabalhar se bem que mentalmente nunca consigo referir ao processo creativo como sendo "trabalho", eu amo o que faço e não sinto necessidade de chamar trabalho a algo que eu gosto fazer.
Trabalho à borla, não quero dinheiro, sou amadora, amo o que faço e porque amo, faço bem. Decerto que haverá sempre algumas pessoas que não irão gostar daquilo que faço mas fazer bem é eu gostar daquilo que faço, sentir me satisfeita, haverá sempre alguem que goste.
Uma vez no Brasil uma psicologa disse me que existe muita creatividade no Brasil porque as pessoas não estão tão preocupadas com aquilo que as pessoas pensam ou vão pensar do seu trabalho.
É sobre ser verdadeiro, deitar as coisas cá para fora da maneira que brotam e depois reorganiza-las, deita-las fora, reconstrui-las, duplica-las, não regras, não há pessoas so há arte como nós a vivemos.
Solução: Virar-me para as coisas verdadeiras, as coisas que interessam, as plantas, as paisagens, a natureza, música, poesia, comida, pintura, expressões verdadeiras, a minha filha, o riso, a areia, a nebulina.
Coisas verdadeiras
Coisas belas
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